segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Faz um 21! Ligue pra Câmara pra falar da Lei Geral da Copa

Amigos do Idec, 

A Comissão Especial da Câmara dos Deputados está ameaçando aprovar a Lei Geral da Copa AMANHà- terça-feira dia 20/12. Apesar das inúmeras denúncias de que o Projeto de Lei é abusivo e incompatível com a legislação brasileira. 

O Idec está fazendo de tudo para pedir o adiamento da votação até que haja uma discussão mais ampla com a sociedade e os pontos problemáticos que criticamos sejam removidos do projeto de lei. Porém,precisamos fazer mais para impedir a votação na terça-feira, precisamos pressionar diretamente alguns deputados mais abertos a intervir em nome da sociedade para impedir uma votação prematura da Lei Geral da Copa ainda este ano. 

Se pessoas de todo o país conseguirem fazer um telefonema para os seguintes deputados, mostraremos que estamos unidos e empenhados por esta causa. Por favor, tome alguns minutos e telefone para os deputados abaixo terça de manhã antes da votação: 

Deputado Jose guimarães: PT-CE (61) 3215-5358 
Deputado Romário: PSB-RJ - (61) 3215-5411 
Deputado Acelino Popo: PRB-BA - (61) 3215-5345 
Deputado Renan Filho: PMDB-AL - (61) 3215-5907 
Deputado Afonso Hamm: PP-RS - (61) 3215-5604 
Deputado Carlaile Pedrosa: PSDB-MG - (61) 3215-5824 
Deputado Rodrigo Maia: DEM-RJ - (61) 3215-5308 

Ao telefone, apresente o seu nome e nome da instituição que você representa, e diga: 


"A Lei Geral da Copa não pode ser votado como está. Entre os inúmeros problemas, o PL: 

  • É incompatível com o Código de Defesa do Consumidor e Estatuto do Torcedor,
  • Ele impõe uma exclusividade comercial abusiva da Fifa, violando o direito de escolha dos consumidores,
  • Isenta totalmente a Fifa da responsabilidade sobre a organização do evento e prejuízos causados aos torcedores,
  • Além do que, a cota para categoria 4 é ínfima, não atendendo ao direito à meia entrada garantida pelo Estatuto do Idoso.
Defenda os direitos dos brasileiros acima dos interesses comerciais da Fifa e peça vista para que não haja uma votação pré-matura do PL, até que eles seja compatível com a legislação brasileira vigente". 



Obrigado! 

Para acompanhar outras ações sobre a Lei Geral da Copa,
curta a página no Facebook: https://www.facebook.com/fifabaixabola

Por favor, responda este email se você ligou para que possamos registar quantas pessoas ligaram. 

Atenciosamente, 

Graziela Tanaka e a equipe do Idec
 
Saiba mais: 

Instituto de defesa do consumidor faz campanha contra Lei Geral da Copa:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/noticia/2011/12/instituto-de-defesa-do-consumidor-faz-campanha-contra-lei-geral-da-copa.html 

Lei Geral da Copa: votação será na próxima terça-feira:
http://esportes.terra.com.br/futebol/copa/2014/noticias/0,,OI5520124-EI18776,00-Lei+Geral+da+Copa+votacao+sera+na+proxima+tercafeira.html
 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Lei Geral da Copa: excessos de concessões à FIFA

  A Câmara dos Deputados deverá votar até quarta-feira o projeto de lei que fixa regras gerais nas relações do Brasil com a FIFA, para a Copa do Mundo 2014.

         É a conhecida “Lei Geral da Copa”, cujo relator, deputado Vicente Cândido (PT-SP), já apresentou texto substitutivo. Se aprovado na Câmara, o documento vai ao Senado Federal, mas com previsão de voto só para março de 2012.

         Um dos especialistas no assunto, o jornalista Alexandre Guimarães, analisou o projeto substitutivo. Consultor legislativo do Senado Federal, onde trabalha com assuntos ligados ao esporte e turismo, Alexandre vê “um retrocesso” o fato de o relator propor venda de bebida alcoólica em estádios, contrariando o Estatuto do Torcedor. Confira:

Você fez uma análise rigorosa do Projeto de Lei da Copa e do substitutivo que deverá ser votado nesta terça-feira, na Câmara dos Deputados. Qual a mudança mais significativa que observou entre o primeiro relatório, divulgado na sexta-feira, e o de agora?

Alexandre – algumas mudanças tornaram mais preciso o texto de alguns dispositivos, mas a grande piora foi a liberação da venda de bebidas alcoólicas por ambulantes nos Estádios, com certeza. Mudança que será feita também ao Estatuto do Torcedor, e isso é um retrocesso. Deveríamos, seguindo a própria idéia estabalecida no art. 30 item “i”, do Substitutivo, fazer uma campanha séria "Por um mundo sem armas, sem drogas e sem violência", mostrando ao mundo que no Brasil não utilizamos bebidas alcoólicas nos Estádios. Drogas lícitas ou ilícitas não combinam com esportes.

Porque a contrariedade?

Alexandre  Sou totalmente contrário, e sou um apreciador de bebidas alcoólicas. Mas não é, por isso, que apoio que seja liberado mais pontos de vendas de bebidas, em especial, nos Estádios. O Brasil já passou por sérios problemas entre torcidas quando era liberado. Além do mais, como ficará o depois das partidas? A Lei Seca vai ser revogada também, ou vamos acreditar que todos os torcedores não dirigiram depois de beber? Bebidas não combinam com esporte.

Não lhe parece perigoso garantir visto de entrada no país a todos que adquirirem ingresso para os jogos, inclusive sem o pagamento de taxas?

Alexandre – Tenta-se melhorar o texto, criando-se alguns critérios, mas ainda é muito frouxo o texto. Perigosíssimo é, principalmente porque não vemos ações de segurança sendo desenvolvidas. Não estamos treinando nossos policiais para o combate ao terrorismo. E quanto à liberação de taxas, já fizemos muitas concessões para a FIFA. Escutei uma comparação muito boa esses dias: estamos abrindo nossa casa para a festa de casamento da filha de um amigo e pagando toda a festa!

A FIFA garantiu 300.000 ingressos para idosos e estudantes. Como no Mundial teremos 64 jogos, isso dá a média de 5.000 ingressos por jogo. Não é pouco?

Alexandre  É menos de 10%. Além do mais, se o texto for aprovado como está, a justiça tem de se preparar para o tanto de ações para julgamento da inconstitucionalidade do dispositivo, liminares liberando pessoas usarem seu direito de meia entrada etc.

Além da Lei Geral da Copa, em 2010 o governo já havia feito concessões à FIFA ao abrir mão de pagamentos de impostos, às entidades a ela agregadas. Qual a sua avaliação?

Alexandre  Há um excesso de concessões e liberações para a FIFA. Não é à toa que seja uma das entidades mais ricas do mundo e esteja sempre envolvida em suspeitas de corrupção. Promover um evento em que só se tem lucro é o sonho de qualquer um, mas é uma realidade para a FIFA.

E sobre a liberação de bandeiras, propostas no relatório, mexendo na proibição estabelecida no Estatuto do Torcedor?

Alexandre – Acho que as pessoas esqueceram que foi por algum motivo sério que surgiu essa proibição. A violência nos Estádios só volta a ser incentivada. Todos sabem que, quanto maior a possibilidade de levar objetos aos estádios, que possam causar danos a outras pessoas, maiores também serão as chances de aumento da violência.

Por José da Cruz às 00h45

domingo, 11 de dezembro de 2011

Dossiê sobre violações de direitos humanos da COPA será lançado na segunda (12)

Comitês Populares da Copa lançam dossiê sobre violações de direitos humanos na próxima segunda (12)


A Articulação Nacional de Comitês Populares da Copa lançará na segunda-feira (12) o dossiê "Megaeventos e Violações de Direitos Humanos", que reúne dados e informações sobre impactos de obras e transformações urbanas realizadas para a Copa do Mundo de 2014. O documento será protocolado a diversões órgãos municipais, estaduais, federais e internacionais (veja lista preliminar abaixo). Os Comitês Populares organizam atos públicos de entrega do dossiê em frente às prefeituras das cidades-sede da Copa (veja serviços e contatos abaixo).


O dossiê está dividido em seis partes - 'Moradia', 'Trabalho', 'Informação, Participação e Representação Popular', 'Meio Ambiente', 'Acesso a serviços e bens públicos e Mobilidade', e 'Segurança Pública' - e traz casos concretos de violações e de desrespeito aos direitos fundamentais dos brasileiros como, por exemplo, o direito à moradia adequada. Cerca de 160 mil famílias estão ameaçadas de remoção no país por obras relacionadas aos megaeventos.


Atos públicos na segunda, dia 12

No Rio de Janeiro, que além da Copa do Mundo sediará os Jogos Olímpicos em 2016, a concentração será em frente à Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, às 10h30. A entrega do dossiê está marcada para as 12h, e haverá uma entrega simbólica do "legado" da Copa. Informações com Renato (            21 8267-2760      ), Gustavo (            21 8212-1095      ) e no site do Comitê.


Em Belo Horizonte haverá uma marcha que se concentrará na Praça 7, a partir das 14h, e irá até a Prefeitura da cidade para entrega do dossiê às 16h. Informações com Gustavo (            31 8678-2010      ), Joviano (            31 8815-4120      ) e aqui.


O Comitê local de Curitiba fará uma marcha às 10h até a Prefeitura de São José dos Pinhais. No período da tarde, às 13h, será a concentração em frente à Prefeitura de Curitiba para entrega do documento. Thiago (            41 3232-4660      ), Andréa (            41 3317-3225      ) e Fernanda (            41 3361-5436      ), e aqui.


Em Natal será criada a Associação dos Atingidos pelas Obras da Copa de 2014 no sábado (10). Na segunda haverá uma caminhada da Rodoviária até o Auditório do CT Gás, onde o dossiê será entregue numa Audiência Pública. Informações com Dionisio (            84 8866-2035      ) e Nevinha (            84 8723-4079      ).


O domingo em Brasília terá agitação e panfletagem sobre as violações de direitos humanos e contra a Lei Geral da Copa. Na segunda, às 12h, haverá ato de lançamento do dossiê e início da entrega para diferentes órgãos da Administração Pública. Patricia (            61 8138-7739      ), Vitor (            61 9946-5966      ) e Larissa (            61 9684-5609      ).


Porto Alegre entregará o dossiê com concentração em frente a prefeitura às 16h30. Claudia (            51 9666-9274      ) e Seu Zé (            51 9945-8549      ) e aqui.
Em São Paulo a concentração será às 10h em frente à Prefeitura para a entrega do dossiê. Rosilene (            11 9116-3721      ), Maira (11 9118-6558) e blog do Comitê

Articulação Nacional de Comitês Populares da Copa


Nas 12 cidades que sediarão a Copa do Mundo de 2014, entidades, movimentos sociais, acadêmicos, organizações políticas e cidadãos criaram comitês populares para se opor às violações, abusos e ilegalidades relacionadas com a realização de megaeventos esportivos.

Lista preliminar de órgãos que receberão o Dossiê

Municipal: Prefeituras e câmaras de vereadores das cidades-sede, além de secretarias municipais e órgãos fiscalizadores.

Estadual: Governos, assembleias legislativas, Ministérios Públicos Estaduais, além de secretarias e órgãos fiscalizadores responsáveis em estados que vão receber a Copa.

Federal: Governo Federal (Secretaria Geral da Presidência, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Ministérios das Cidades, dos Esportes, da Justiça, do Trabalho, do Meio Ambiento, entre outros), Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas da União, BNDES, Caixa Econômica Federal, Ibama, entre outros órgãos fiscalizadores.

Internacional: ONU, OEA e OIT.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Lei Geral da Copa - Nota da Articulação Nacional

A Articulação Nacional dos Comitês Populares publicou nesta terça-feira, dia 06, uma nota com o posicionamento da população sobre a Lei Geral da Copa que foi aprovada pela Comissão Especial da Câmara dos Deputadas (leia o relatório aqui) que avaliava a matéria. A estratégia de ação é divulgar e difundir o documento para o maior número de brasileiros, redes e para os deputados em Brasília.
Para baixar o documento, clique aqui.

“LEI GERAL DA COPA: O povo brasileiro diz NÃO!
A Presidente Dilma enviou ao Congresso Nacional o projeto de Lei Geral da Copa (PL nº. 2330/2011) que dispõe sobre medidas relativas à Copa das Confederações de 2013 e à Copa do Mundo de 2014. Tal projeto cria um contexto de exceção, com alterações legais e administrativas de caráter excepcional, e atenta frontalmente contra os interesses nacionais, tudo em benefício da FIFA e seus parceiros. Por tal razão, os Comitês Populares da Copa das 12 cidades sede exigem que o Congresso Nacional rejeite a proposta do Executivo e abra um amplo debate com a sociedade sobre as medidas relacionadas com a realização dos Jogos no Brasil. Existe forte empenho do Governo em aprovar o projeto na Câmara dos Deputados ainda neste ano (nas vésperas do Natal!), o que poderá consagrar definitivamente a prevalência da FIFA sobre o Estado, sobre as leis e sobre o próprio povo brasileiro. Vejamos os principais absurdos e ilegalidades deste projeto.
Proteção e exploração de “direitos comerciais” pela FIFA
A Lei Geral da Copa cria um procedimento especial junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) para o registro de marcas consideradas “símbolos oficiais” de titularidade da FIFA, garantindo a exclusividade do seu uso e tirando do órgão o poder de decisão quanto à natureza do registro de marca. No texto normativo não há qualquer restrição sobre o significado do termo “símbolos oficiais”, que pode abranger tudo o que a FIFA indicar como tal. Todas as imagens que compõe o imaginário coletivo de paixão nacional pelo futebol correm o risco de terem que pagar “direito autoral” à FIFA. O art. 5º, por exemplo, prevê que “o INPI não requererá à FIFA a comprovação da condição de alto renome de suas marcas ou da caracterização de suas marcas como notoriamente conhecidas”. Na prática a lei deixa ao arbítrio de uma entidade privada, a FIFA, a escolha dos bens imateriais que monopolizará, conferindo prioridade na tramitação dos registros apresentados pela FIFA (mais de 1000 até agora!), com isenção de todas as retribuições previstas na lei de propriedade industrial.
Restrição comercial e vias de acesso
O projeto prevê a proibição de venda ou exposição de quaisquer mercadorias nos “Locais Oficiais de Competição, nas suas imediações e principais vias de acesso” (art. 11), sem permissão expressa da FIFA. Tal medida irá impactar fortemente sobre o comércio local e os ambulantes serão penalizados se trabalharem nas “áreas de exclusividade” (zonas de exclusão) que serão demarcadas pelos municípios, “considerados os requerimentos da FIFA ou de terceiros por ela indicados” (sic!). Trata-se de inaceitável monopólio do exercício de atividade comercial a uma entidade privada e às empresas que lhe estão associadas.
Venda e preço dos ingressos
Violando o Código de Defesa do Consumidor, a proposta de Lei Geral da Copa concede à FIFA amplos poderes para determinar tanto o preço quanto as regras de compra e venda, alteração e cancelamento de ingressos, além de permitir a ilegal venda casada e tirar do consumidor o direito de arrependimento. Ainda não está previsto no projeto, mas a FIFA tem feito pressão sobre o Governo para suspender a meia-entrada para estudantes e idosos, solapando essa conquista social. Os brasileiros, ao que tudo indica, não estão convidados para a festa na sua própria casa.
Novos crimes, sanções civis e juízos especiais
Como se não bastasse, a proposta também prevê crimes excepcionais, com data de validade definida até 31 de dezembro de 2014. São eles: “Utilização Indevida de Símbolos Oficiais”, “Marketing de Emboscada por Associação” e “Marketing de Emboscada por Intrusão”. Acompanham os novos crimes as penas de detenção, multa e um conjunto de sanções civis relacionadas à venda de produtos e atividades de publicidade. Esses dispositivos penalizam até os bares que pretendam transmitir os jogos, afetando o comércio e a confraternização popular tão própria de nossa cultura esportiva. Além disso, o art. 37 do PL nº. 2330/2011 permite a criação de juizados especiais, varas, turmas e câmaras especializadas para julgar demandas relativas aos jogos, ou seja, a Lei Geral da Copa abre brecha para que se crie uma Justiça de Exceção no Brasil, tal como foi feito na África do Sul por pressão da FIFA. Essa medida é claramente inconstitucional, como já foi manifestado inclusive por ministros do STF. Acrescente-se que, diferentemente de qualquer brasileiro que, ao buscar a justiça, deve recolher custas e pagar as despesas processuais, caso não seja beneficiado com a assistência judiciária, a FIFA, pela proposta (art. 38), fica isenta de qualquer despesa processual!
Vistos de entrada e permissões de trabalho
A soberania do Estado Brasileiro também foi jogada pra escanteio na proposta de Lei Geral da Copa. O projeto prevê a concessão automática de vistos de entrada e permissões de trabalho à FIFA, “a qualquer indivíduo que ela indicar”, à equipe dos “parceiros comerciais da FIFA”, qualquer pessoa com ingresso e outros. O país perde qualquer poder de controle quanto à entrada de estrangeiros em território nacional. Criam-se fronteiras internacionais dentro das nossas cidades, enquanto se dissolvem nossas fronteiras atendendo às exigências da FIFA. Assim, a FIFA se transformaria numa espécie de consulado geral e plenipotenciário do Brasil, por proposta de nosso governo, obrigado constitucionalmente a defender nossa soberania. Basta comprar o ingresso!
Responsabilidade da União, ou melhor, do povo!
A Copa, como grande negócio que é, requer garantias. Assim, a proposta prevê que a União assuma a responsabilidade por qualquer dano causado à FIFA. Não se trata apenas de responsabilidade civil pessoal. A União responderá amplamente por “todo e qualquer dano resultante ou que tenha surgido em função de qualquer incidente ou acidente de segurança relacionado aos Eventos”. Pelo projeto o Brasil se torna o fiador da FIFA em seus negócios particulares.
Direitos de imagem, som e radiodifusão
Pela redação do projeto, a FIFA será a “titular exclusiva” de todos os direitos de transmissão e pode impedir a presença da imprensa, como já ocorreu durante o sorteio das eliminatórias. Nem mesmo a liberdade de imprensa passou ilesa à ganância da entidade.
Considerações finais
A Lei Geral da Copa atende a exigências previstas no Caderno de Encargos da FIFA. O argumento de que o Governo Brasileiro assumiu estes compromissos é inaceitável, pois o governo não tem autoridade nem delegação para assumir acordos com entidades internacionais à revelia do Poder Legislativo e em clara oposição à Constituição Federal e às leis vigentes. Em nome dos negócios e dos lucros da entidade, percebemos uma relação de vassalagem política das nossas autoridades perante a FIFA, em prejuízo da nossa soberania, da legislação interna e dos interesses nacionais. Até mesmo as principais garantias do Estatuto do Torcedor, aprovado em 2003, estarão suspensas durante a realização dos jogos no Brasil (ver art. 43, do PL nº. 2330/2011). Isso tudo sem mencionar tantas outras violações e ilegalidades que já tem ocorrido em função da realização dos jogos, tais como, falta de informações, remoção e despejos arbitrários de comunidades pobres, repressão sobre trabalhadores informais e população em situação de rua, exploração sexual de mulheres e crianças, endividamento público acima do autorizado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, falta de transparência, precarização do trabalho, segregação sócio espacial, etc.
Em verdade, a Lei Geral da Copa, caso aprovada, não será a primeira lei que atenta contra o ordenamento jurídico brasileiro. Outros exemplos são a lei nº. 12.350/2010 que isenta de tributos federais produtos e serviços relacionados com os jogos e a lei nº. 12.462/2011 que, para driblar a lei geral de licitações brasileira, criou um Regime Diferenciado de Contratações (RDC) para as obras da Copa das Confederações de 2013, Copa do Mundo de 2014, Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Além das leis de exceção aprovadas no âmbito dos estados e municípios da federação para viabilizar a qualquer custo a realização da copa.
Obviamente, a realização dos jogos não pode justificar o desrespeito aos direitos e garantias previstos na Constituição e nas leis. Jamais podemos esquecer que a FIFA, a CBF e o COI são entidades privadas. O Comitê Organizador Local do Mundial de Futebol, por sua vez, é uma sociedade Ltda! Por mais relevante que seja a organização dos Jogos Olímpicos e Mundiais, não podemos tolerar uma legislação que garanta privilégios a particulares, em caráter jamais visto no país, subjugando o próprio Estado brasileiro.
Os interesses do povo brasileiro devem estar em primeiro lugar! Queremos que sejam aprovadas leis especiais para fortalecer a cidadania e superar as desigualdades históricas do nosso país, garantindo acesso universal e efetividade aos direitos sociais previstos na Constituição, e não para potencializar os lucros de uma empresa como a FIFA que se coloca acima de qualquer forma de controle social, dentro ou fora do país.
O Congresso Nacional tem o dever de abrir um amplo debate para que a vontade do povo brasileiro prevaleça sobre os interesses estritamente econômicos que estão por trás da realização dos jogos. De nossa parte, seguimos em luta para impedir esses e tantos outros abusos relativos à realização dos megaeventos esportivos.
EXIJA DOS PARLAMENTARES QUE ELES BARREM A LEI GERAL DA COPA!
Por um país onde caibam todos e todas!
Brasil, 06 de dezembro de 2011.
Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa
Contato: articulacaonacionalcopa@gmail.com
(*) Nas 12 cidades que sediarão a Copa do Mundo de 2014, entidades, movimentos sociais e organizações políticas, criaram comitês populares para se opor às violações, abusos e ilegalidades relacionadas com a realização dos Jogos Mundiais e Olímpicos.”