sexta-feira, 11 de março de 2011

Copa em cidades com futebol fantasma

Copa em cidades com futebol fantasma

Quatro cidades-sedes para Mundial de 2014 têm público irrisório em seus estádios, em detrimento de capitais com tradição e torcidas numerosas

Walter Guimarães

Relatórios de entidades públicas e privadas mostram atrasos nas obras, como o revelou o Sindicato de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco). O Tribunal de Contas da União também já destacou deficiências em diversos pontos, inclusive na falta de projetos básicos de obras em andamento. Para a Copa, o tempo já urgiu.

Mas sobre o atual quadro do futebol de cada sede, não há grandes preocupações. E aí vêm os “elefantes brancos”, termo proibido para os governantes dos 12 estados e cidades sedes. Para ele, é melhor dizer “arena multiuso”, em relação aos gigantes de concreto que nascem.

Cultura futebolística

Para ajudar a entender a cultura futebolística, analisei o público e o histórico de cada sede nas competições estaduais e nacionais. Quatro delas continuam sendo questionadas: Cuiabá, Manaus, Brasília e Natal.

Os números são do banco de dados da CBF e se referem aos torcedores que foram aos estádios e quantos jogos foram disputados nos Campeonatos Basileiros das Séries A, B, C e D, esta última criada em 2009.

Os números assustam, comparados com outras cidades, historicamente conhecidas pela força de suas torcidas:

Nº de torcedores em jogos da Séries A, B, C e D (2006-2010)

- Mato Grosso: 84.816 torcedores // 62 jogos // média: 1.368

- Amazonas: 215.735 torcedores // 68 jogos // média: 3.173

- Distrito Federal: 443.148 torcedores // 188 jogos // média: 2.357

- R.Grande do Norte: 1.105.306 torcedores // 183 jogos // média: 6.040

Os “fora da copa

- Pará: 1.004.215 torcedores // 152 jogos // média: 6.607

- Santa Catarina: 2.023.538 torcedores // 307 jogos // média: 6.591

- Goiás: 2.243.180 torcedores // 313 jogos // média: 7.167

Percebe-se que apenas o Rio Grande do Norte está mais próximo de Pará, Santa Catarina e Goiás, ignorados na escolha das cidades-sedes.

Outro questionamento é quando a soma de todos os torcedores dos últimos cinco anos no Amazonas, Mato Grosso e Distrito Federal chega a 744 mil pessoas, enquanto apenas no Pará mais de 1 milhão de torcedores compareceram aos estádio. Se é necessária uma sede amazônica para o desenvolvimento do turismo, Manaus não demonstra, no futebol, ter sido a melhor escolha.

Que motivos deixaram de fora Goiás e Santa Catarina, quando mais de 2 milhões de pessoas foram aos seus estádios desde 2006, enquanto Cuiabá, que levou escassos 85 mil pessoas no mesmo período é escolhida.

E o que dizer sobre as médias de público dos campeonatos estaduais desse ano? Continuam com médias superiores as cidades deixadas fora de 2014, ainda com a exceção de Natal.

Média de público (Estaduais - 2011 / atualizado em 4 de março)

Manaus: 626

Cuiabá: 994

Brasília: 1.208

Natal: 3.089

Os “fora da Copa”

Goiânia: 4.139

Belém: 7.334

Florianópolis: 7.514

Reforço das cortesias

No atual campeonato Candango, 44% dos ingressos foram doados aos torcedores, na tentativa de turbinar o jogo. Em vão. Assim, se forem contados apenas os ingressos pagos, a média de público cairia de 1.208 para 674 torcedores. Mas aqui se constroi estádio para 70 mil pessoas...

Fica evidente que o critério para a escolha das sedes não foi o da tradição futebolíticas, com repercussão no econômico. Mas o do interesse político regional de ocasião.

Fontes de Pesquisa: Sites da CBF e Federações Estaduais, jornal A Crítica, de Manaus

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