quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Curitiba ajusta prazos para driblar atrasos em obras

Cidade tem nove projetos de melhorias visando ao Mundial. Apenas um cumpre o cronograma inicial. Poder público contesta


Publicado em 22/01/2011

Ainda faltam três anos e meio para a bola começar a rolar na Copa de 2014. Já se esperava que os preparativos estivessem em andamento, com sons das obras de mobilidade urbana e infraestrutura pelas 12 cidades que vão receber jogos do Mundial. Mas a história não é bem assim.

Em Curitiba, nenhum dos nove planos de melhoria visando ao evento da Fifa saiu do papel – conforme dados fornecidos pelo site Copa 2014 – Transparência em 1.º lugar, da Controladoria-Geral da União.
 
Somente em apenas um deles (o corredor da Avenida Cândido de Abreu) foi dado um primeiro passo: a entrega dos projetos básicos. O discurso oficial, no entanto, é de que os trabalhos estão dentro dos prazos – teriam sido reajustados com a anuência do Minis­­tério do Esporte.
Diante desse descompasso, os trabalhos vão começar depois do período que foi firmado há um ano, na Matriz de Responsa­bilidades. Pelo documento, cada esfera do poder público, além dos clubes de futebol que cederão estádios para o Mundial, afirmou por quais ações se responsabilizará, com previsão de custos, fonte da verba e cronograma de execução.

Dos compromissos dos paranaenses, quatro estão sob tutela da prefeitura; dois são do Estado e os outros três são compartilhados por ambos.

A falta de pontualidade na capital paranaense não é exceção: outras dez cidades que se comprometeram a iniciar alguma obra em 2010 – excluí-se Fortaleza, com compromissos assumidos a partir deste ano – ainda não colocaram as máquinas para funcionar.

Das promessas locais, três deveriam ter começado entre setembro e dezembro de 2010: a reforma do terminal do Santa Cândida, as transformações nas vias de integração radial (acessos da região metropolitana à capital) e a requalificação do corredor da Avenida Marechal Floriano.

“Atraso não é uma palavra que esteja no nosso vocabulário”, enfatiza o secretário especial da Copa da prefeitura de Curitiba, Luiz de Carvalho. “Em alguns programas, estamos antecipados no cronograma”, completa a assessora técnica do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) para assuntos da Copa, Susana Lins Affonso da Costa.

Ainda sem entrar na fase de execução, o custo das melhorias já é R$ 19,8 milhões superior ao custo inicial, divulgado na Matriz.

As obras do Sistema Integrado de Mobilidade começariam neste mês, mas o edital de licitação ainda não foi publicado. Carvalho afirmou que reformas já estariam em andamento no terminal de ônibus do Santa Cândida. Uma visita ao local mostra que nada foi feito até agora. “Até esses dias tinha uma placa anunciando uma obra, mas já foi tirada”, fala o taxista Rogério Martins da Silva, que há 30 anos embarca passageiros no local.

Os demais projetos deveriam iniciar entre março e junho, como consta no compromisso inicial. Mas tiveram a data postergada, conforme levantamento enviado à reportagem da Gazeta do Povo pela assessoria técnica de Assuntos da Copa do Mundo do Ippuc.

Das cinco ações de responsabilidade do Estado, três estão em fase de final da licitação do projeto executivo – Corredor Aeropor­­to-Ferroviária, Sistema Integrado de Monitoramento e o Corredor Metropolitano – com previsão do início das construções entre maio e julho deste ano.

O maior atraso está nas melhorias das vias de integração radial, que visam facilitar o tráfego entre municípios da RMC e Curitiba. As obras que deveriam ter começado há três meses (setembro 2010) ainda não abriram licitação do projeto. “Entre o final deste ano e o começo de 2012, essas serão iniciadas. Como as vias de acesso envolvem muitos municípios, foi preciso mais tempo para atender às necessidades de todos”, explica o diretor técnico da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano (Sedu), Sandro Almir Setim.

“Não tenho conhecimento destes atrasos. Possíveis atrasos são resultado da gestão anterior. A partir de agora, definimos novos prazo que serão cumpridos e acompanhados à risca”, afirmou o secretário especial do estado para assuntos da Copa, Mário Celso Cunha.

Transparência
Site falha em atualizações
Lançado há oito meses, o portal Copa 2014 – Transparência em 1º lugar, mantido pela Controladoria Geral da União (CGU), deveria ser a ferramenta para a população acompanhar o andamento e os custos do Mundial para o Brasil e evitar superfaturamentos como os que aconteceram nos preparativos para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007.

Mas a falta de atualização do site fez com que seu propósito fique comprometido. A última apuração de dados sobre os projetos para Curitiba e região, foi há quatro meses, em 23 de setembro de 2010.

Conforme o decreto que criou o portal, as informações deveriam ser repassadas pelas entidades envolvidas com as obras referentes à Copa – como os ministérios, governos estaduais, prefeituras e clubes.

“Temos repassado todas as informações diretamente ao Ministério do Esporte. Eles estão ciente dos nossos cronogramas e, em algumas ações, estamos até adiantados”, atesta a engenheira civil e assessora técnica para assuntos da Copa, Suzana Lins Affonso da Costa.

A CGU confirma que a atualização dos dados não acompanha o ritmo dos repasses das informações. A assessoria de imprensa da entidade informa que o portal é alimentado com dados oficiais compilados por órgãos federais e repassados à Controladoria. O informe da evolução em cada obra é feito em formulários específicos para serem repassados ao site. A assessoria informa, ainda, que está sendo criado um sistema de informação para que as atualizações sejam feitas com mais rapidez.

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